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Para nossa alegria.

Foto: Junk food

 Vejam como são as coisas nesse mundo moderno de "meu Deus". A pressa cotidiana nos faz amar e clamar por tudo o que é "fast", não é mesmo? é fast-food, fast-shop, fast-box, fast-service, fast-sleep, fast-fuck, fast-whatever...

 Essa mania de tudo rapidinho acabou deixando todo mundo mal acostumado, porque transmitiram esse conceito até mesmo para ações psíquicas e cognitivas, tanto que poderíamos dizer que vivemos na "Geração Dory", sim, aquela pequena peixinha azul com memória de 3 segundos. A antes que pensem que entrarei na chatice da discussão política e blá-blá-blá, saibam que não teremos isso, ok? Fiquem tranquilos!

 Sim, citei a Dory e sua memória fugaz porque muita gente sofre desse mal. Até mesmo eu estou perdendo aos poucos a minha capacidade de armazenamento em disco, o que é uma bela merda. Mas ainda bem que temos livros, documentários e também os programas culinários para reavivar nossas memórias.

 Cheguei em casa meio puto após um reparo improdutivo no meu xugabum, culpa de uma teimosia minha mesmo, não do mecânico. Então comecei a conversar com a minha querida mãe sobre o que ela estava assistindo, no caso sobre uma receita que ela mesmo já executa por décadas, mas que o digníssimo cozinheiro televisivo estava fazendo, porém com um recheio diferente.

 Logo em seguida reparei que nesse mesmo programa acabara de entrar uma matéria sobre a cultura gastronômica de várias cidades, e a desse quadro era sobre a minha cidade, a "Maravilhosa", manja? Eles deram conta de "resgatar" a memória daquilo que julgo ter sido uma das primeiras cadeias de fast-food popular totalmente nacional que já tivemos. É minha gente, tratava-se do famoso "Angu do Gomes", que sua receita tradicional habitava o paladar das massas em várias esquinas da nossa cidade.

Foto da internet - fonte Pinterest Rio Antigo

 Hoje, a tradição de comer um angu na madruga foi praticamente esquecida. Também esquecemos as demais iguarias que povoavam nossas calçadas, como as barracas de milho cozido, as banquinhas de cuscuz e bolo de aipim, o churros, churrasco grego, amendoim praliné, ambulantes do algodão doce e tudo mais. 

 Demos lugar ao costume de comer o que posso apelidar de alimento extremamente processado e com corantes alimentícios finamente desenvolvidos para tornar algo que, de fato, jamais comeríamos em algo com um sabor quase tão viciante quanto a mais entorpecente substância já encontrada na face da terra. 

 Por outro lado, aquela comida quase caseira, carregada de sabor por ter temperos tão aromáticos quanto quaisquer perfumes franceses caríssimos, vem sendo segregada aos chamados nichos gastronômicos gourmetizados no melhor estilo "nutella" ou digno de um meme do Gordon Ramsay. É triste, eu sei. Mas é o que enxergo, estando eu certo ou não.

 E como diz o refrão da canção gospel viralizada anos atrás, para nossa alegria o Angu do Gomes permanece vivo em três restaurantes aqui no Rio de Janeiro. Não os visitei ainda, porém creio que devam ser muito bem montados, com uma pegada nostálgica devido a toda a história que o nome traz consigo. Mesmo sabendo que eles mantém a tradição do Angu do Gomes, acabo por não sentir tanta vontade de visitar justamente por acreditar que tenham perdido a essência de ser algo popular, de fácil acesso e barato, de ser uma espécie de "fast-food raiz", comida de rua. Vixi! Num falei que tô ficando contaminado com essa síndrome de "The Flash"? 

 Ops, galera. Deixa eu fazer o pedido aqui porque chegou a minha vez na fila.

 "Uma promoção do Cheddar por favor! Com batata grande e coca zero..."

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