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Você tem fome de quê?

Foto: Necessidades básicas

 Todos sentem fome. Todos sentem sede. Mas, realmente o que pode ser considerado como necessidade básica? Boa pergunta, não é mesmo? 

 Pensando nisso deparei-me com uma série de questionamentos que julgo infundados e então resolvi escrever este texto com o intuito de expressar minha indignação com uma parcela significativa da população que adora falar em coletividade para ficar bem na fita, mas na intimidade, o "coletivo" é apenas tudo o que caiba nos buracos dos seus umbigos.

 Nosso Estado e cidade, o Rio de Janeiro, são governados há décadas por políticos supostamente engajados com causas sociais. Hoje colhemos os frutos destes governos ruins, que durante todo esse tempo semearam as terras fluminenses com sementes de péssima qualidade. Deu no que deu e o resultado é catastrófico, inegavelmente.

 Mas há um aspecto que todos, sem exceção, insistem em esquecer por pura conveniência. As sementes plantadas precisam ser cultivadas, precisam da lida diária para germinar, crescer, florescer e dar frutos, mesmo que sejam amargos e indigestos. Nós cultivamos essa merda toda ao longo do tempo como escravos de uma lavoura do século 18, sob o olhar atento dos capitães do mato, bem ao alcance de suas chibatas. Agora que os frutos podres e fétidos estão espalhados pra todo lado queremos convencer uns aos outros que a culpa não é nossa, que a culpa é do inimigo à sua direita ou à sua esquerda. 


 Ora porra! Como não é nossa culpa? É claro que é! Não adianta vir com discurso vazio nas redes sociais defendendo esse ou aquele posicionamento político, mas esquecendo-se convenientemente que contribuiu com tudo o que está acontecendo direta ou indiretamente. 

 Eu mesmo sou o primeiro a assumir parte desta culpa, afinal só agora começo a dar meus passos, ainda que tímidos, na direção de tentar fazer algo de fato. Mesmo que seja bradar diante da janela do mundo, a Internet, ainda que ela comporte-se como uma sala vazia e fechada, onde só eu venha a escutar o eco da minha própria voz, enquanto os demais defecam e caminham sorridentes ou raivosos.

 Queria mesmo entender o que certas pessoas pensam. Pessoas, muitas das quais eu tenho apreço, pensam ou ruminam em suas mentes certas ideias que beiram a imbecilidade. Parece que lhes falta o mínimo de coerência ou raciocínio lógico antes de começarem a proferir um monte de absurdos e defenderem causas igualmente absurdas. Seria rude dizer que essas pessoas têm merda em suas cabeças, ou pior ainda, dizer que elas próprias fizeram questão de abrirem seus crânios para que essa corja de crápulas depositassem seus excrementos dentro. Pois militam para disseminar ideologias políticas tão abjetas quanto os dejetos depositam em seus vasos sanitários todas as manhãs, costumeiramente. 

 Essas pessoas, notavelmente contaminadas, não percebem o quão distorcidas e tendenciosas são as ideias plantadas diariamente em suas mentes. Falam mal de uma vertente política por conta de fatos isolados, mas não se dão conta de que muito antes seus heróis foram protagonistas de fatos idênticos, agora convenientemente esquecidos. Afinal, eles não mais fazem parte do "contexto".

 E tudo isso resultou de péssimas escolhas em uma lista de prioridades tão furada quanto qualquer peneira existente no mundo. Colocaram ao longo deste tempo suas necessidades básicas pessoais como rumo dos seus atos cotidianos. 


Vejam:

"Coletividade é o caralho! Farinha pouca meu pirão primeiro!" 


"Vamos sambar! Vamos gozar! Vamos cheirar e fumar! Carnaval pode tudo! É festa popular que mostra muita bunda, a preferência nacional!"

"Vamos roubar e desviar! Mas vamos dar uma esmola pra ficarmos bem na foto."

"Sou branca, rica e bem sucedida e sou digna por causa disso! Posso pisar em qualquer um pra demonstrar minha superioridade!"

"Sou negro, pobre e injustiçado e sofro preconceito por causa disso! Posso roubar e matar pra compensar a desigualdade!"

"Sou juiz! Sou desembargador! Posso tudo!"

"Sou "di menor", posso tudo também!"

"Estudar? Pra quê? Preservar? Por quê? Foda-se! o Estado tem que me servir! Eu pago impostos!"

"Me incomoda ter que procurar uma lixeira! Jogo lixo no chão para que o gari tenha emprego..."

 Estes, dentre muitos outros impropérios, eu pude ouvir pessoalmente ao longo do tempo que circulo sobre a crosta do planeta terra. Todos estes impropérios foram ditos com uma puta naturalidade, como se realmente ninguém tivesse qualquer responsabilidade pelo coletivo.
 

 Aprendi tempos atrás que a conveniência é a mãe de toda razão. Hoje em dia ela é uma mãezona mesmo, pois enche o peito de muita gente que sequer paga impostos ou vive do que produz. Não passam fome como muitos espalhados pela cidade. A única fome que essa gente sente é pelo poder e pela aceitação social. E saibam que dependendo do tamanho da fome desses indivíduos, merda vira caviar e é degustada sem a menor cerimônia.

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